No fundo fronteira
Rasa, atroz sem eira
Ou beira de mar,
De céu,
De deserto.
No fundo fronteira
Sertaneja cor de terra
Sagrada pelo Rio
Que dita as leis e reza.
Fronteira no fundo
Somos nós
Clara e escurecida,
Branca névoa
Fragmentos de corpo
E de palavra.
Corpo costurado,
Palavra des-costurada,
Paisagens em recostura
Por linha e cinzel.
Porque no fundo
Fronteira:
Incomunicável
Silenciosa
De água.
No fundo
O desassossego
De viver em fronteira.